05 setembro 2006

A cabala

Interpretação alegórica da Bíblia, entre os antigos judeus, por meio de combinação das letras do alfabeto; espécie de ocultismo; fig. Maquinação; intriga; conluio.

Esta é a definição existente num dicionário de português. Mas a verdade é que a palavra cabala tem muitas mais utilidades do que à primeira vista possa parecer. Vejamos:



“- Vítor, a tua directora de turma telefonou-me a dizer que à mais de três dias que não pões esse cú nas aulas!
- Ah e tal peks beks pardais ao ninho, ‘tou a ser vítima de uma cabala!”

“- Maria, os teus colegas teem feito imensas queixas do teu trabalho, se esta situação persistir vou ter de te despedir.
- Sr.Dr.Eng. Não faça isso, tenho 302 filhos e meio para sustentar, um marido que não faz pevide e ainda me dá nos cornos quando chego a casa, preciso destes 375 € por mês, não posso ser despedida. É tudo mentira, estou a ser vítima de uma cabala!”

“Esses gajos de Lisboa são todos uns coirões, uns filhos da puta, querem foder os clubes do Norte como ó carago! O jogador estava bem inscrito, isso é tudo ponteminices desses gajos de Lisboa e da Liga e da Federação. Mas a nós ninguém nos cala, o Gil Vicente vai lutar até ao fim nem que para isso tenha de foder os três grandes, a selecção e quem vier a seguir. Isto é tudo uma farsa, estamos a ser vítimas de uma cabala!”


Estão a ver? A palavra cabala é apenas uma desculpa para uns quaisquer ignorantes que não têm competência nem que se caguem todos. Justificam a sua incompetência com um “ah e tal, ‘tou a ser vítima de uma cabala” porque sempre é mais fácil de dizer que “ah e tal, sou um filho da puta dum incompetente que não tem onde cair morto e por isso mereço ser apedrejado em praça pública”.
Há sempre a alternativa de um “ah e tal, a culpa é do sistema” que esse grande querido, grande intelectual coerente em todos os seus discursos, o Sr. Ex. Presidente Dias da Cunha, nos deixou de herança (e esta é aquela parte em que todos rezamos com as forças que nos restam para sermos deserdados).

25 agosto 2006

Síndroma de “vien ici”


Não há coisa que me dê mais prazer que cruzar-me em locais públicos com tugas que têm vergonha da língua materna mas que, ainda assim, insistem em regressar à terra natal.
Acabadinha de regressar da terra da sardinha (Portimão, para quem não conhece a gastronomia algarvia) e deparo-me nesta minha terra emprestada com a maior bimbice do mês de Agosto.
Durante o mês mais quente do ano, portadores do síndroma de “vien ici” (o mesmo seria dizer “vien ici senão levas nos cornos”) passeiam-se pelas praias portuguesas como o seu tão charmoso bronze de pedreiro enquanto falam, bem alto para todos ouvirem, o famoso francês de sacavém. Como se isso não bastasse, raramente se esquecem do fiozinho de ouro com o crucifixo na ponta. Mudam-se de malas e bagagem para passarem 8 horas na praia. Trazem (no mínimo) três chapéus de Sol, lençóis que penduram nos chapéus com molas de estender a roupa, a geleira (esta sim!) azul da campingás, os tios, os primos, os netos, os avós, os pais, os filhos e o cão, os pastéis de bacalhau, o arroz de grelos, o tintinho da minha terra (atenção que não é da minha), o melão e a perna de presunto, senhores! Durante a estadia na praia, falam alto, mandam areia para os demais, chapinham na água com boias de metro e meio. Oh meus amigos, quem é que quer um vizinho deste quando se vai para a praia relaxar a cabeça e curtir o Sol?
Os “avecs”, ou portadores do síndroma de “vien ici”, são aqueles portuguesinhos que passam onze meses do ano a limpar a merda dos francius e depois veem para cá com os seus mercedes (do tipo taxi) com 10 anos, a falar aquela língua incompreensivel que afirmam piamente ser francês, e tratam os empregados de mesa como o seu patronato os trata durante os restantes onze meses do ano. São aqueles patriotas, que regressam a nação mas nem se quer falam português. São também aqueles que durante o Euro e o Mundial gritaram a plenos pulmões para os canais televisivos portugueses mas que, ao chegarem cá, não se cansam de fazerem comparações reles com o país onde estão emigrados (e já diria o meu pai, quem faz comparações são as pessoas pouco inteligentes).
Com todo o respeito que tenho por quem tem a coragem de emigrar para um país desconhecido à procura de melhores condições de vida, reprovo visceralmente a atitude dessa gente mediocre de espirito que, em um mês, tenta repor os níveis normais de auto-estima completamente devastados pelos paises que os acolhem.
Se teem vergonha do vosso país, façam um favor à nação, não voltem...


(para vos provar que não sou preconceituosa, acrescento apenas que também eu já fui emigrante)

04 julho 2006

Alma Lusa

É com imensa pena da minha parte que só hoje, 4 de Julho, e passados três dias do acontecimento, escrevo neste desactualizado mas não esquecido blog.
Durante este campeonato que mobiliza a vida de todos, e especialmente a minha, deveria de escrever com toda a frequência que este fenómeno merece (até porque palavras não me faltam), mas um acontecimento fatal na vida do meu computador e a impossibilidade financeira de adquirir um novo, limitam a minha navegação na internet.
Com uma enxurrada de mails para ler e outros tantos para enviar, arranjei um espacinho no meu precioso tempo para me dedicar aos poucos mas preciosos cibernautas que acompanham este meu espaço.
Não sei por onde começar, porque no meu coração ainda fervilham emoções que só se desvanecerão numa possível derrota (e batam na madeira três vezes). Mas o povo diz, e é soberano, que devemos sempre começar pelo início (Oh não! Outras vezes as frases feitas).
Dia 1 de Julho do presente ano, três horas e meia de uma tarde abafadíssima de Verão, já eu me sentava na relva molhada da Praça S. João Baptista (Almada). Vestida a rigor (entenda-se com umas calças velhas para sujar na relva e um calçado que me permitia descalçar facilmente), fumei o meu primeiro, de muitos, cigarro para me preparar para aquele que se adivinhava ser um jogo de grande sofrimento. Camisola das quinas, dois cachecóis e um chapéu, era a indumentária propícia para um jogo da selecção mas muito desadequada para uma tarde em que o Sol insistia em destilar-nos.
O Hino é sempre de grande emoção e o afinar das vozes para os noventa minutos seguintes (mal sabíamos que seriam cento e vinte mais os penosos penaltis).
Gostava de ter registado o momento na minha câmara fotográfica: famílias inteiras trajadas para o evento, garrafões de vinho, grades e mais grades de cerveja e, alguns resistentes dos nervos como eu, com garrafas de água na mão.
Na primeira parte, mantive-me bastante calma. Ao revés, na segunda, o meu coração palpitava com tremenda intensidade que me sentia dormente.
O prolongamento foi uma tortura mas os "nossos meninos" aguentaram o fado com a antiga, e já quase esquecida, alma lusa.
Mas o destino da nossa selecção já estaria previamente traçado para ser resolvido nos penaltis. Aí é que foi sofrer a bom sofrer. Tinha o coração a bater demasiadamente depressa. Sentia-me cansada e com as pernas a tremer. Acreditei... nunca deixei de acreditar. Os segundos antes de serem cobradas as grandes penalidades eram demasiado penosos para as minhas pernas bambas que, mesmo naquele estado, aguentaram até à última de pé. Senti-me quase a desmaiar, mas era importante de mais para mim para fechar os olhos.
A multidão puxava por Portugal (ninguém grita selecção) mas quando os penalties eram contra a nação, o povo entusiasmava-se ainda mais gritando "Ricardo, Ricardo!". E eu continuava a acreditar. Mas aqueles dois penaltis falhados... meu Deus! Mas quando o Ricardo (o nosso Ricardo) defendeu pela terceira vez, não consegui conter as lágrimas. Baixinho ainda consegui balbuciar "Mãe, se marcarmos agora passamos às meias-finais". Dizia "por favor" repetidamente, como se ganhar aquele jogo fosse um favor prestado à nação. Era demasiada emoção contida num só coração.
E assim, sem exitar, Cristiano Ronaldo remata a bola para o fim da rede e alevia-nos a todos o coração. Naquele momento orgulhei-me do número que trazia nas costas.
E depois veio a melhor parte, a da comemoração! A alegria que vi e vivi naquele momento não vos consigo transmitir por palavras. Foi uma explosão de alegria, confetis e champagne. Todos pulavam, todos gritavam e no fim cantámos o hino. As ruas almadenses foram mergulhadas numa onda com as cores da nossa bandeira, aquela que é de todos nós e que nestes últimos dias tem sido hasteada como todo o fulgor e brio lusitano.
Agora, a frio, analizo com mais objectivvidade tudo aquilo que se tem passado neste mundial e que, no fundo, é retrato do que já se tinha passado no Europeu de 2004, aqui, em Portugal.
Os cépticos que se vão foder porque isto pouco tem a ver com futebol. Será que ainda ninguém percebeu que num país onde reina a pobreza monetária e de espírito, todos os motivos são válidos porque existe uma imensa necessidade de evasão aos problemas comuns do dia-a-dia. Um país pequeno, beira-mar plantado, com dez milhões de habitantes e que o resto do mundo pensa ser uma província espanhola. Um país que nunca é conhecido pelos melhores motivos, numa conjuntura de descrença social, estar entre as quatro melhores equipas do mundo, até podia ser de berlinde, é uma oportunidade de ouro de darmos a conhecer ao mundo que somos bons, que somos realmente bons, e que temos pessoas de grande valor. Que temos uma bandeira, que temos um hino e, acima de tudo, temos uma história da qual nos podemos orgulhar. Nenhum penta-campeao nos pode tirar isso, a nossa história. E para mim é-me completamente indiferente que o treinador seja brasileiro, até podia ser chinês ou vietnamita, mas o seu valor é indiscutível e, indicutível é também o poder psicológico que exerce sobre os jogadores.
Independentemente do resultado de amanha, eles (jogaores, treinador e a restante equipa técnica) já são heróis nacionais. De Gelsenkirchen, Munique ou Berlim. Como portuguesa estou orgulhosa pela projecção do meu pais, como adepta de futebol pelo desempenho da selecção e como pessoa por ser portuguesa.
Para terminar so gostaria de pedir que
CONTINUEM A ACREDITAR!

02 abril 2006

Gosto...

Sou uma pessoa de paixões.
Gosto de estar com os meus amigos e conversar durante horas.
Gosto de beber café de manha enquanto fumo um ou dois cigarros.
Gosto de ar fresco das manhas de Verão.
Gosto do Sol que me queima a pele ao meio-dia.
Gosto de flores e borboletas.
Gosto de ler e de escrever.
Gosto de criar...
Gosto de dar... gosto de receber.
Gosto de caminhar e descobrir novos sitios na companhia da minha máquina fotográfica.
Gosto de botas e malas.
Gosto que não me chateiem com coisas que às quais não valorizo.
Gosto que discutam comigo temas de meu interesse.
Gosto de música...
não de toda,
mas gosto de música.
Gosto de tantas coisas quem nem as consigo mencionar a todas.
Mas amar...

11 janeiro 2006

Humor e corrupção - Parte II

Estamos, novamente, em época de campanha eleitoral. Ainda de ressaca das autárquicas e do grande fiasco em que estas se tornaram e já estamos novamente a “levar” com o maldito tempo de antena. E como se este não bastasse, ainda levamos a dose dupla nos telejornais.
Tendências à parte, a verdade é que toda a gente já começa a ficar farta desta merda!
Mas não me quero estar a repetir porque, sobre esta palhaçada, já falei num outro circo.
Queria-me expressar duma forma directa a que já estão acostumados, mas sem cair no fascismo. Mas a verdade é que não consigo dizer isto de uma forma mais ortodoxa.
1... 2... 3... O SUFRÁGIO UNIVERSAL É INCORRECTO!
Uffa... já disse.
Eu explico melhor para não ferir susceptibilidades.
O que é que o Zé Povinho percebe de política para meter alguem a governa-los? Quem é o estúpido que vota noutro, ainda mais estúpido, que já la esteve e não fez rigorosamente nada de bom? Quem é o otário que vota num autocrata que esteve no poleiro e que em 1994 despediu milhares de funcionários públicos para, logo a seguir, meter lá outros tantos? Num país em que os atrasados mentais votam e que os analfabetos não escrevem mas sabem fazer uma cruz (e lembrem-se que ainda são 10%), um país onde no interior quem decide são os padres que “enfiam” mãos em cabeças de irmãos e manipulam opiniões e decisões, neste país em que não tenho prazer de cá estar, num país que so me faz cantar o hino nos jogos da Selecção Nacional... neste país, toda a gente vota mas ninguém sabe muito bem porquê. Basta darem um almoço de frango assado com batatas fritas Titi a um bando de passa-fome, porem a Ruta Marlene em trajes menores a cantar o pisca pisca e dizer um conjunto de frases incompreensíveis e incoerentes, e já todo o pobretana vai votar no “sr. dr.”. É de admirar também que os excluidos da sociedade em galinheiros a que dão o nome de bairros sociais, também já votam no “sr.dr.” de direita. Será que ainda ninguém percebeu que o sr. Cavacas das Caldas (estas com bem mais categoria do que ele, e sem ofensa aos habitantes de tão simpática região do país) faz política que só serve os interesses dos grandes grupos económicos? Anyway...
Mas eu não digo só mal, porque isso toda a gente consegue, eu também ofereço soluções. Proponho o seguinte anúncio no jornal (secção das ofertas nos classificados):

CARGO DE PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE PORTUGAL
(Aceita-se qualquer tipo de nacionalidade, idade ou profissão)
Bem remunerado, com direito a carro topo de gama, férias pagas num destino à escolha e despesas de representação.
Para se candidatar à vaga, basta enviar o seu Curriculum Vitae para:
tacho@republicadasbananas.pt

Não era bem mais fácil? Podia ser que algum suicida alemão ou de um outro país desenvolvido viesse para cá e metesse mão nisto, porque os que cá estão, meus amigos, nem elegerem conseguem, quanto mais exercer.

22 dezembro 2005

Natal

Esta é a época em que me divirto mais a observar as pessoas. Voyer assumidissima, sento-me calmamente na Fnac do antigo Grandela (e porque é natal, nem me importo de fazer publicidade), bebo o sagrado café e fumo o, ainda mais sagrado, cigarro. Olho pela janela e aprecio a magnífica vista sobre o Castelo, para evadir o meu olhar das fotografias de (quase sempre) pouquíssima qualidade, que se espalham pelo café. Mas não posso deixar de reparar no ritmo em que as pessoas se movimentam pela loja. Mexem nos objectos, sejam livros ou telemóveis, comparam preços e percepitam-se para as caixas, num consumismo frenético próprio da época. Vejo pessoas a entrar e pessoas a sair, enquanto eu degusto a cafeína. Já na loja, leio alguns prefácios cujos títulos me chamam a atenção, enquanto o frenesim continua. Ouve-se um burburinho que quase me consegue desconcentrar. E penso que aquilo que devia de ser visto e cheirado, torna-se consumido como lenços de papel. Ninguém pensa na qualidade da escrita ou da música, apenas olham para a lista de pessoas e compram para preencher as vagas existentes. Sinto-me ligeiramente enfastiada e saio da loja e do respectivo Centro Comercial.
Já na rua, sorrio pela ausência de ares condicionados e olho o céu. Nesta altura pré-fabricada pelo Homem, é bom apreciar as dádivas da natureza. Continuo o meu caminho, um pouco sem destino, e as pessoas continuam a correr cheias e sacos e com um ar mais stressado do que o de segunda-feira, apesar de ser sábado. Entro numa loja de minha preferência mas é impossível chegar-me às prateleiras devido ao amontoado de gente. Respiro fundo e saio da loja.
Começo a ficar chateada quando me deparo com a técnica de marketing mais bem conseguida da história da humanidade. O Pai Natal, ou melhor, o Pai Coca Cola. Já é demais para o meu sábado de descanso.
Chiado acima, deparo-me com imensas pessoas a pedir para isto ou aquilo. Associação dos sem-abrigo, associação dos escuteiros católicos portugueses, associação do raio que me parta e do caraças mais próximo.
Ok, vou desistir e apanhar o eléctrico para casa.
Cinco minutos, dez minutos, um quarto de hora, meia hora e nunca mais chega o atraso de vida do eléctrico. Continuo a observar as pessoas. Um grupo de espanhóis aqui, outro grupo de ingleses acolá. Parecem calmos. Surge vindo sabe Deus de onde, um “fora de prazo” a pedir esmola. Logo se gerou a confusão quando uma senhora (também desenterrada, diga-se) não só recusa-se a dar uns centimos, como ainda arma um trinta e um e logo se instala a gritaria. Uma hora e um quarto de pois subo para o eléctrico.
Podia ser pior, cheguei a casa para almoçar às três da tarde.
E que me deparo eu na televisão?! Com o fantástico e badalado Natal dos Hospitais. Natal das Prisões, Natal das crianças, Natal dos paralíticos anónimos, sempre com um bando de gnus aos saltos no palco.
“Onde está o teu espírito natalício?” pergunta a minha mãe”. “Mãe, num país em que as pessoas metem créditos para não ficarem mal vistos na consoada, onde andam pais natal por todas as ruas e vielas aos saltos a cantarem músicas monofónicas, num país onde as pessoas se juntam à volta da televisão para verem o Natal do atrasados mentais anónimos e ainda fazem filas gigantes para verem uma árvore de Natal de latão que gasta não sei quantos watts por segundo, numa conjuntura de tristeza de espírito colectivo, por onde queres que ande o meu espírito natalício?”. Pois eu respondo-te, mãe, anda pelas ruas da amargura. E sabes ainda que mais, mãe, por mim não comemorava natal nem merda nenhuma, só que depois caía o arco e a trindade e vinham todos os santinhos do cú de judas cruxificarem-me por dar esse desgosto à minha família. Porque no ano em que eu disse que ía passar a consoada com os sem-abrigo, mãe, a minha avô caiu num pranto que nem Maquiavel resistia, quanto mais eu que, às vezes, e ao contrário do que tu pensas, até tenho sentimentos.

E aquele que era suposto ser um artigo sobre a atitude consumista no Natal, acaba por ser um grito de revolta sobre os valores da minha infância.
Mas parece que já não sou criança...

Um Bom Natal

02 dezembro 2005

A decadência do que sou

Estou decadente...
O meu coração bate cada vez mais depressa...
Mas eu estou cada vez menos viva.

Olho para a frente...
Nada de novo.
Olho para trás
...

Os meus defeitos paralisam-me,
As minhas incertezas sufocam-me.

Quero gritar,
Quero correr,
Quero gastar esta descarga incoveniente de adrenALINA que se apossou dos meus músculos.
Músculos que são meus mas dos quais não controlo.
Quero fugir,
Mas não consigo!
Quero mudar...
Mas não consigo...

Quero ser mais e melhor...
Mas todos os dias me olho no espelho,
E constato que não passo de um verme merdoso e pestilento.

Queria viver,
Mas não consigo...
Queria morrer,
MAS SERÁ QUE NEM ISSO CONSIGO?!

Só consigo suportar,
E cada vez menos,
Esta imagem hidionda do ser que habita em mim,
Mas que não sou eu...

Ou prefiro pensar que não...

(esta maldita dor de cabeça...)