27 setembro 2005

Está dado o início da maior palhaçada do ano

Vinte e sete de Setembro de 2005, data de início daquilo que eu, entre as minhas purpurinas e o meu cor-de-rosa, considero de a maior palhaçada do ano, ou talvez a segunda maior, não esquecendo nunca as presidenciais.
De quatro em quatro anos, dirigimo-nos humildemente na nossa inegável condição de eleitores, às urnas para votar em alguém que vai “comandar” o nosso município, a nossa freguesia durante os ditos quatro anos.
Até estaria tudo mais ou menos correcto senão tivéssemos de “aturar” durante semanas as campanhas eleitorais dos diversos candidatos. Tão bom que é ver nos canais televisivos, candidatos das mais diversas autarquias a debaterem-se tais gladiadores em arenas no tempo de Júlio César. Eu acho que alguém se esqueceu de que nem eles são gladiadores, nem os estúdios televisivos são arenas e que, para o Eng. Sócrates chegar à condição de Júlio César, ainda precisa de muitos bacanais e alguns ramos de louro na cabeça.
O país não é muito grande, mas falar de casos em específico era-me humanamente impossível, até porque o assunto tem casos insólitos o suficiente para ocupar o espaço que me é dado gratuitamente por este blog.
Mas no meu escárnio, também me é humanamente impossível deixar de falar naquela grande senhora (e espero que esta frase não seja mal interpretada), que é a senhora Fátima Felgueiras. Tanto ama o seu povo que mudou o seu apelido de origem paterna, para o nome da sua terra. Mas que, no entanto, não deixou de meter para o bolso alguns milhões. Não era um caso que merecesse falatório porque contam-se pelos dedos das mãos as autarquias que nunca tiveram um saco azul, se a dita senhora, não tivesse fugido para o Brasil quando soube da sua possível detenção. E eu digo possível porque a senhora nunca chegou a ser presa. Durante dois anos foi a garota de Ipanema e passeou-se pelo paredão brasileiro com o seu ar tasheriano. Passados dois anos, regressa ao nosso país, é julgada, absolvida e candidata as autárquicas de Felgueiras. Surpreendido?
É aqui que entra o meu espírito anti-democrático em achar que nem toda a gente tem capacidades mentais de decidir quem governaria melhor uma autarquia. E a prova disso são os inúmeros noticiários televisivos em que vemos dezenas de possíveis eleitores a receber de braços abertos a senhora que “meteu a mão” nas contas da câmara. Será que alguém tem dúvidas de que aquela senhora vai ganhar?
Senhores (as) eleitores que possam ler este artigo, peço-lhes humildemente que metam as mãos na vossa consciência, se informem, e que no dia 9 de Outubro votem cientes de que o vosso acto pode mudar a vida de uma cidade durante quatro anos.

26 setembro 2005

Ementa principal: amor e falta de gosto q.b.

Há uma tendência natural para “abimbalhar” qualquer festa por parte do povo português. E o maior exemplo disso são as festas de casamento.
Reúnem-se os convidados em casa do noivo e da noiva, respectivamente. Os noivos sofrem nas mãos dos pseudo-fotógrafos e, enquanto isso, os convidados devoram vorazmente as iguarias presentes. Tão bem que sabe comer sem pagar! Os estômagos revestem-se de doces e salgados adivinhando o pior.
A igreja. Enquanto alguns convidados choram tais Marias Madalenas, a maior parte das almas, mais impacientes, contorcem-se nos duros bancos da igreja e bradam aos céus para saírem dali. O padre fala, os noivos choram, os convidados suspiram… enfim, um verdadeiro quadro de miséria, um verdadeiro quadro lusitano.
Mas a fina-flor do entulho começa no copo-de-água. Convidados passeiam-se elegantemente em vestidos emprestados, sapatos apertados mas plenos da sua altivez (leia-se pequenez). Os cabelos armados em laca e os pulsos com tantas pulseiras quantas consegue suportar. De ouro, claro está!
Passadas poucas horas, as rainhas do ferro velho caem dos saltos e enfiam chinelos e tairocas. A maquilhagem esborrata e o cabelo começa a desarmar. Mas ninguém se importa, as fotografias já foram tiradas para a posteridade.
O manjar, como sempre divinal! Até porque, nos casamentos, a comida é sempre fantástica, principalmente porque é oferecida (parece que ainda ninguém percebeu que a pagamos de uma outra forma). Vê-se uma ou outra criatura a meter qualquer coisa dentro da pochetezinha comprada na loja dos chineses, mas ninguém parece importar-se muito.
A hora de lançar o boquet também é deveras interessante na medida em que as jovens solteiras (umas mais encalhadas que outras) se atropelam e se lançam em voo para serem as felizes contempladas, na esperança de serem as próximas a casar.
No fim do copo-de-água, a origem pouco aristocrata e muito popularóide dos convidados começa a transparecer à medida em que a cai a fachada da conveniência. O álcool aquece os corpos e estala o verniz a muito boa gente.
Já sem os ditos chinelos de enfiar no dedo, noivos e convidados acabam a noite a dançar descalços o “apita o comboio”.
(In) felizmente, há coisas que nunca mudam…
Felicidades aos noivos!