13 outubro 2005

A vacuidade da nossa existência


É fácil habituarmo-nos à condição de amantes. Despimo-nos de preconceitos, também da pouca roupa que nos cobre o corpo, e amamo-los sem tabus. Deixamos que os seus braços fortes abracem nossos corpos frageis e nesse momento, apenas nesse momento, nos sentimos amadas, desejadas, acarinhadas. Entregamo-nos de forma animal e irracional para depois, plenas da nossa racionalidade, sermos devolvidas a vacuidade da nossa condição. Amantes. Amantes do momento, amantes de cama. Entregamo-nos a outros para nos evadir-mos de nos mesmas. E depois resta-nos o vazio. Fumamos um cigarro, vestimos a roupa e... e nada mais. Nada mais resta. Não há amor, não há paixao, não há carinho. E fugimos dali. Fugimos do espaco, do tempo, de nós. No caminho de regresso, a mesma dúvida nos assalta. “Porque fiz isto?”. Porque cá fora não há mais nada nem ninguém. Porque a vida vazia e fútil nos leva a permitir situações que nos proporcionam alguns momentos de prazer. Porque durante algum tempo nos sentimos acarinhadas, nos sentimos vivas, nos sentimos mulheres.
E depois... e depois nada mais.

2 comentários:

Prometeu disse...

Mas não é isso mesmo a paixão, um momento que tem mesmo de ser efémero, sem passado nem futuro, se quer ter algum sentido? O vazio está sempre connosco porque é parte de nós, e não releva de nenhuma dicotomia maniqueísta Homem/Mulher. O nada pode ser o fim em si mesmo, e não há nada de niilista neste estado de coisas, apenas a mais básica verdade da condição humana. E essa é imutável, Purpurina.

Luis disse...

Está interessante :)